quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Debate sobre Legalidade reuniu historiadores e depoentes em Pelotas

Apoiado pelo IMA e por algumas instituições da cidade, a atividade comemorou o cinqüentenário da Legalidade


O segundo debate da série 50 Anos da Legalidade: Encontro com Universitários, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, aconteceu na noite de segunda-feira (12), no Auditório do Campus I, da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Depoimentos de personagens dessa história, como os de Carlos Bastos e Gilberto Gastal, e a análise de historiadores, os professores doutores Renato Della Vechia e Enrique Serra Padrós, retrataram o significado do Movimento para o país. Cerca de 120 pessoas participaram do evento, entre autoridades, estudantes e interessados no tema.

Bastos falou sobre os dez dias que passou no Palácio Piratini. “Em 25 de agosto de 1961, dia da renúncia do presidente Jânio Quadros, Leonel Brizola deu início ao movimento de resistência pela posse do vice-presidente João Goulart, o Jango”, lembrou o jornalista, que à época atuava no jornal Última Hora. “A criação da Rede da Legalidade por meio da requisição da rádio Guaíba, a única rádio que ainda estava no ar, foi a grande sacada de Brizola”, avaliou. “A Rede da Legalidade mostrou-se fundamental para o sucesso do movimento”. O discurso feito por Brizola, em 28 de agosto, foi, na opinião de Bastos, o mais brilhante de sua carreira: “Ao fim da fala, havia milhares de gaúchos em frente ao Palácio”.

O militante estudantil no curso de Direito na Universidade Federal de Pelotas e membro da Federação Acadêmica de Pelotas Gilberto Gastal disse nunca ter visto um levante cívico como aquele. “O povo estava nas ruas também aqui em Pelotas”, lembrou. “A perplexidade era grande diante da renúncia de Jânio Quadros”, acrescentou Gastal. “Quando Brizola assumiu o papel de líder, as pessoas se alistavam a espera de uma convocação”.

O professor da UCPel e representante do Instituto Mário Alves doutor Renato Della Vechia ressaltou que o Movimento da Legalidade aconteceu em um momento em que o Brasil ainda não tinha vivido um largo período de democracia. “Brizola conseguiu perceber naquele momento a condição para fazer o que foi feito”, destacou. “A posição dele foi fundamental, mas não podemos deixar de reconhecer o papel de milhares de pessoas que mergulharam naquela proposta”, completou Della Vechia.

"Hoje, podemos imaginar o que significaria se as ordens de bombardear o Palácio Piratini tivessem sido cumpridas em 1961”, chamou a atenção o coordenador do Curso de História da UFRGS, o doutor Enrique Serra Padrós. Na concepção do professor, a Legalidade adiou o longo período de ditaduras no Cone Sul que se estabeleceu posteriormente. “E isso não é pouca coisa”, destacou. “Temos que resgatar a Legalidade num contexto nacional, pois foi a última grande resistência”. O mais importante, afirmou Padrós, “foi o fato que, em determinado momento, a sociedade se mobilizou”.

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